ASSALTO NA FOZ DO ONZO

Abro este tópico para dar a conhecer um facto triste e digno de reflexao.

ocorreu este fim de semana da passagem de ano uma tentativa de assalto a um casal que pretendia passar a passagem de ano num local agradavel como o referido, quando foram abordados por tres individuos que vendo uma "presa facil" (tratava-se do casal e seu filho) tentaram assalta-los.
nao sei dos detalhes, mas sei que o dono do carro conseguiu fugir, tendo ainda dois dos individuos agarrado-se à carrinha. os dois cairam tendo um deles morrido e outro partido uma perna.
naturalmente o individuo continuou a fuga, tendo sido detido na barra do Dande. no processo que contra ele pende (homicidio) tem como atenuante a legitima defesa e como agravante o facto de nao se ter apresentado no posto policial mais proximo, no caso o controlo dos Libongos (rio Lifune).

bem, esta é a versão que conheço. entretanto ja ouvi outras historias, como sempre. com o tempo iremos decerto saber mais detalhes.
mas fica o alerta para que nao se desloquem para locais de camping sozinhos.

Realmente os ladroes ja sabem que ja existe muito pessoal a fazer camping, agora estao a criar metodos para estragarem estes lazeres!

e como tudo onde a alegria o diabo esta a espreita!!!

é triste...

Mais um contra para fazer campismo...

QuintaViana

Já conseguiste saber mais detalhes do assalto no Onzo ?

Aconteceu já estavam acampados? para fugirem de carro e atropelarem alguem ainda não tinham o acampamento montado, estavam parados e foram abordados?

Vê lá se consegues saber mais alguma coisa

Recebi varios contactos de pessoal que queria ir para o Onzo mas estão com receio e sem saber exactamente o que se passou.

Todo o pessoal agradecia mais informações

Caros amigos,

ja tenho mais noticias, boas noticias.
uma versão mais completa do ocorrido é a seguinte:
O individuo que foi assaltado(por conveniencia vou chama-lo KA, para preservar a identidade do sujeito) estava a caminho da foz do Onzo, em companhia da esposa e filha de 3 anos, numa das picadas que leva à foz(os mais conhecedores saberão que existem pelo menos 3 caminhos que levam à foz). numa das sanzalas foi interpelado por elementos locais, que no decorrer da conversa acabaram por pedir bebida ao KA. KA disse-lhes que nao, porque a bebida estava na traseira da carrinha, por baixo da lona e era inconveniente tirar bebida nessas circunstancias. devido à insistencia dos locais, KA acabou por responder de maneira indelicada e arrancou com a viatura, o que irritou os locais. estes resolveram segui-lo de motorizada, 6 individuos em 3 motas, com o objectivo (supostamente) de lhe dar um puxao de orelhas.
KA parou alguns km mais a frente para conversar com um conhecido com quem cruzara, tendo os locais aparecido pouco tempo depois. gerou-se acalorada discussão, KA nao desceu do carro e engrenou 1ª. os locais aperceberam-se que KA pretendia arrancar, e dois deles investiram contra o carro, um deles agarrando-se ao volante para impedir KA de arrancar. KA arranca e os dois individuos cairam, tendo um deles sido atropelado na cabeça (morreu imediatamente) e outro numa perna.
Apercebendo-se que algo mau ocorrera, KA nao mais parou e seguiu por outra via com o objectivo de regressar à Luanda. os locais conseguiram avisar a policia do Dande via telefone e KA foi detido no posto policial do desvio da Barra do Dande e conduzido ao comando da policia em Caxito.
os locais pediram boleia e levaram o morto e ferido para Caxito.
após declarações prestadas pelos envolvidos e testemunhas, verificou-se que KA nao teve culpa ou intenção dolosa(os depoimentos foram coincidentes).

o seguro de KA pagou as despesas de funeral e obito do falecido e tratamento do ferido.
KA foi libertado e deverá apresentar-se esta semana para prestar mais declarações, julgo q ainda tem a carrinha detida em Caxito, enquanto decorrem os tramites legais da investigação.
Aparte o individuo que morreu, tudo o resto acabou bem.

É importante ressaltar que KA nao chegou ao local do acampamento e nao se tratou, pelos vistos, de nenhuma acção criminosa dos locais (tentativa de assalto ou algo do genero).

de qualquer modo, fica a recomendaçao de nao viajarem sozinhos e terem muito cuidado nas relaçoes com as populações locais(tratar com respeito e cortesia, nao esquecer que estamos a "invadir" o espaço deles).

Cumprimentos poeirentos...

Obrigado QuintaViana pelo esclarecimento

obrigado,

parece que vamos passar o Onzo. Tá fresco ainda

Sput,

acho que nao há perigo. agora que as coisas se esclareceram (?) e analisados os factos, julgo que nao se tratou de nenhuma acção criminosa.
Foi uma situação triste e evitavel sim, mas decorrente de outros factores - bebida (ou falta dela), alguma falta de paciencia e tacto, falta de tolerancia, entre outras.

como disse na mensagem anterior, se verificarmos algumas medidas basicas de segurança, nao haverá perigo.

acredito q não, mas nestas ocasiões é melhor deixar passar algum tempo.

Sim o melhor será mesmo deixar passar algum tempo para se voltar em segurança ao Onzo.

Entretanto não posso deixar de dizer que "enraivece" o facto de um individou não poder ir com a sua família tranquilam,ente acampar sem arranjar problmas porque uns entendem que devemos "pagar tributo" para passarmos por ali.

As terras são públicas e o acesso ao Onzo também o é.

Se era ilegal a cobrança de "portagem" antigamente não é legítimo que os populares venham com essa atitude apenas porque não lhe deram bebidas.

R.Passos,

efectivamente é uma situação triste, principalmente para nós que frequentamos estes locais. mas ha certos aspectos que precisamos considerar.
P. exemplo, a questao do conceito de espaço e propriedade. enquanto que para nós, o nosso conceito de propriedade é restrito aos limites do nosso quintal, para certos populares e em certos locais esse conceito é mais amplo. alias, passa logo pelo facto de nao existirem muros que limitem os "quintais".
no conceito desses "populares", a foz do onzo, onde tu e eu e outros acampamos é parte do "terreno" deles, do "quintal" deles, e com isso eles podem considerar que têem alguns direitos, tal como tu e eu consideramos em relaçao ao espaço do nosso quintal.

nao estou a dizer que está correcto, estou simplesmente a chamar a atenção para um modo de pensar diferente, que muitos de nós nao têem conhecimento ou a sensibilidade de levar em consideração.
se estivermos cientes destes aspectos, poderemos certamente evitar situações de potencial conflito, como a descrita aqui.

Quinta Viana, muito bem escrito/dito.

Num país onde alguns direitos mais básicos ainda nem sequer são devidamente tratados e onde o Estado de Direito está numa fase de implementação, com lacunas evidentes no sistema de juistiça, órgão de polícia e na aplicação da Lei em geral, de nada vale falar em estradas públicas e direitos de utilização dos bens públicos, sejam elas estradas, picadas, locais de passagem e direito ao laser em qualquer local público.

Em Angola ainda impera em muitos locais o direito conseutudinário e, sem concordar com acções como as de que foi vítima a família cujo relato foi-nos aqui exposto - pelo contrário sou totalmente contra esses actos de violência e agressividade - há que reconhecer a realidade do país.
Bom senso acima de tudo, muito cuidado também evitando-se estar desacompanhado nesses locais e muito tacto a lidar com as pessoas locais aconselham-se

Ainda bem que no final parece que as coisas se estão a esclarecer-se embora uma vida tenha sido desperdiçada.
Cumprimentos.
Armindo Sá Silva

De algum modo compreendo que pelas populações locais a nossa presença pode ser vista como uma "invasão" ao que eles consideram ser território deles.

Sem dúvida que se tratou de um desperdício de uma vida humana.

Mas acho que este acontecimento obriga-nos a (re)pensar a forma com "utilizamos" estes espaços.

Desde o barulho; ao lixo, ao pó que a coluna levanta ao passar pelo meio das povoações, etc.

Já o fizemos certamenet mas talvez não o seja demais repetir: quando passarmos por zonas habitadas, paremos por breves instantes, não propriamente para oferecer seja o que for, mas sobretudo para conhecer a população local e "confraternizar" um pouco com elas.

Acho que é um modo de conhecermos o "terreno" e quiça em caso de dificuldades obtermos ajuda ou informações dessas povoações.

Abraços,

R.passos

Eh muito importante saber lidar com o povo, conhecer os seus usos e costumes, ter a noção do meio onde se encontra, saber enquadrar-se e falar a mesma linguagem, ter a calma necessária para conseguir dominar qualquer situação, sei que estas dicas para o pessoal que vive em Angola ah pouco tempo são um pouco complexas, mas acreditem e quem sempre viveu em Angola sabe que eh assim, nunca tentem levar qualquer assunto á força, não aconselho.

Já aqui foi dito e muito bem como devemos lidar com as populações que vamos encontrando pelo caminho.

malembe, malembe, tudo se resolve