Em tempos, escrevi uma croniqueta em que relatava as peripécias passadas com o primeiro carro estrangeiro que levámos às “6 Horas de Nova Lisboa” e a desilusão que sentimos de não o ver passar dos treinos, pois uma avaria irreparável impedira a sua participação na corrida.
Quase a terminar a nossa historieta, contámos a conversa que havíamos tido, no ano seguinte, com o Norman Casari em que este, com muita tristeza, nos dizia que “aquele carro não estava destinado a correr pois na primeira prova em que entrara, depois da ida a Nova Lisboa, tinha ardido completamente.
O que o Norman não nos dissera, na altura, é que tinha guardado os seus “restos mortais” na sua casa de Petrópolis.
Foi pois com um misto de surpresa e muita alegria que, agora, lemos no “Saloma do Blog” que o Lola T-70 havia renascido das cinzas.
Conforme o Norman havia relatado, quando treinava para os 500 km de Interlagos, em 1971, sofreu um acidente e, na precipitação de sair do carro, deixara ligada a bomba eléctrica do combustível o que originara um princípio de incêndio.
Dado grande parte do carro ser feita de magnésio e encontrar-se com os depósitos cheios, o fogo rapidamente alastrou e se tornou incontrolável.
Dezoito meses antes do Norman falecer, surgiu a possibilidade de reconstituir o Lola dentro das suas características originais e, assim, foi enviado para os Estados Unidos o que restava do carro.
Aproveitando a parte do monocoque original de alumínio e poucas peças da suspensão para garantir a sua autenticidade, completou-se o restante do carro com peças e carroçaria originais da Lola Cars, através do programa “Lola Heritage” que constrói Lolas T-70 com certificação e numeração de fábrica.
E, assim, no dia 18 de Julho, em Road Atlanta, USA, no evento Kohler/Brian Redman International Challenge, comemorando os 50 anos da Lola Cars. Lá estava o ressuscitado Lola T-70 com a sua pintura laranja da “Braham” cervejeira que lhe dava patrocínio e o seu velho número 96.
Foi tripulado pelo inglês John Starkey, um dos maiores especialistas mundiais em modelos Lola T-70, que atestou a autenticidade da viatura.
Passado trinta e sete anos de ter sido consumido pelas chamas, qual Fénix, o Lola T-70 MKIII de 1968 renasce das cinzas.
Como o Norman Casari gostaria de ter assistido à ressurreição do seu carro.
Como eu gostaria de saber o que pensa o Jan Balder ao ver o Brahma 96 a acelerar de novo nas pistas.
Espero que o meu Amigo Manuel Oliveira, que com tanta dedicação trabalhou o carro original, venha, como já o fez quando eu escrevi o primeiro artigo, transmitir-nos o que sentiu com este renascer.
Se eu senti a alegria que senti, certamente que a do Jan Balder e a do Manuel Oliveira foi incomensuravelmente muito maior.
E, certamente, que lá em cima o Norman Casari deve sentir uma felicidade enorme e estará sempre presente quando alguém se sentar ao volante do Lola.
Nota – Este “post” só foi possível graças aos elementos recolhidos do “Saloma do Blog”.